domingo, 11 de janeiro de 2015

Casa do Infante

Gente, eu preciso começar a postar sobre os museus, é que estes posts são mais demorados... Tenho muita coisa pra falar daqui do Porto, e também fui à Lisboa, Belém e Caiscais... E estou sem tempo por conta dos exames :(

Eu devia estar estudando, mas eu não aguento mais ver tanta estatística, tantas fórmulas e letras dando origem a números imensos, então me apetece escrever aqui como uma forma de distração :P
Hoje vou falar sobre a Casa do Infante. Primeiramente, o que é um infante?


Infante é um título dado a todos os filhos legítimos de reis ibéricos que não são herdeiros da coroa, o herdeiro da coroa é o único que recebe o título de Príncipe.
Na Espanha o herdeiro da coroa chama-se Princípe das Asturias e aqui em Portugal, Príncipe Real de Portugal.
Lá, todos os filhos do herdeiro da coroa recebem o título de Infante, incluindo o possível herdeiro, enquanto cá, o herdeiro presuntivo chama-se Príncipe da Beira.

Filho do Rei D. João I (fundador da dinastia de Avis) e de D. Filipa Lencastre, Infante D. Henrique nasceu em 4 de março de 1394, aqui mesmo no Porto. Em 1415 D. Filipa morreu, vítima da peste, e no mesmo ano o reino de Portugal conquistou Ceuta, na costa norte africana... Esta camapanha foi D. Henrique que em 1414 convenceu seu pai a iniciá-la o menino era porreiro, e com esta conquista, o reino de Portugal assumiu o controlo das rotas marítimas de comercio entre o atlântico e o levante, visto que a cidade ficava junto ao estreito de Gibraltar, e foi em Ceuta que o Infante D. Henrique foi armado cavaleiro. Enfim, descrevi este que foi o primeiro feito do nosso protagonista, mas vou resumir o resto da história, que é mesmo longa. Ele ficou conhecido como O Navegador devido à forma como protegeu e instigou ávidamente as primeiras viagens expansionistas, ficando ligado a este período glorioso da história de Portugal, sendo decisiva sua ação no norte da África e do Atlântico, tendo seus feitos comparados aos de Julio César e Alexandre, o Grande, sendo ainda mais enaltecido por se tratarem de conquistas de locais desconhecidos de toda a Humanidade. Ele também foi "protetor" da UL, sendo o procurador da universidade junto ao rei (seu irmão D.Duarte), e este era um cargo de muito prestígio, que garantia grande importância social. Por estas e por outras cenas, o Infante D. Henrique foi exaltado de uma maneira meio que sobrenatural... Era casto, não era avarento, gostava de aplicar-se nos seus trabalhos e projetos, não dormia muito e apesar de portuense, não bebia vinho. É uma figura importante nas correntes nacionalistas (que dominaram o Estado Novo), representando a coragem, e espírito empreendedor e o dinamismo do povo Português. Morreu a 13 de novembro, na vila de Sagres.
Aquando do centenário do seu nascimento, liderada pela voz de Joaquim de Vasconcelos, a cidade do Porto fez comemorações imensas, de modo a rivalizar com a celebração lisboeta do centenário de Camões. A ideia era equiparar o espírito da cidade à coragem, energia e iniciativa do Príncipe Navegador, erguendo-lhe uma estátua e atribuindo o seu nome à uma rua. Sempre passei pela estátua, para descer à ribeira, e nunca tinha reparado que é em homenagem ao Infante D. Henrique:


1418-1433

"Ao Infante D. Henrique/ Iniciador dos descobrimentos dos portuguezes/  O PORTO/ Sua Patria dedica"
 Na altura do centenário do nascimento, foi feito um concurso para a estátua que celebraria a comemoração, e no museu há alguns dos projectos mas foi uma das coisas as quais não fotografei.

Sobre a Casa do Infante: É m edifício que foi construído de forma a albergar os serviços da Coroa daqui da cidade: Contadoria da Fazenda, Alfândega e a Casa da Moeda. Estes painéis localizados logo na entrada contam um pouco da história:






 A Figura acima é uma reconstituição da Alfândega do século XIV. O local onde esta reconstituição está corresponde à torre mais alta, que na altura albergaria nos pisos superiores a habitação do Almoxarife Régio. Ao longo dos séculos muitas alterações foram feitas em suas estruturas...

Quando o rei Afonso IV decidiu construir a Alfândega, em 1325, o povoamento urbano estendia-se a ambas as margens. A população se concentrava no morro de Penaventosa e no Castelo de Gaia. O desenvolvimento das actividades ligadas ao rio e ao mar intensificou a ocupação das zonas ribeirinhas e com o apoio régio, justificou a criação de Vila Nova. A documentação deste período dá-nos a conhecer diversas póvoas periféricas, que estão na origem das actuais frequesias. Aqui o meu endereço tem junta e freguesia, algo no Brasil comparado a bairro e cidade, o distrito é o Porto, é um bocado confuso, eu ainda não consegui perceber muito bem como funciona haha. Enfim, dentro da presente área concelhia havia já no século XII, vários coutos eclesiásticos, cuja importância regional pode ser avaliada no mapa da foto a seguir, sobre propriedade privilegiada. A sua enorme concentração na margem direita do Douro explica as políticas levadas a cabo pela Coroa, nos séculos XIII e XIV, relativamente ao Porto e a Gaia.




Honra era o nome dado às terras pertencentes a um nobre, à qual se atribuiam privilégios de caráter administrativo, judicial e fiscal. Couto eram terras igualmente privilegiadas cujos direitos eram concedidos pelo rei ao clero ou a certos nobres, através de uma carta. Termo era a área constituída por várias terras, que estavam sob a alçada administrativa de um município ou a quem o rei reconhecia maior importância.

Em exibição, há várias peças encontradas durante escavações... também há uma maquete imensa, interativa onde os sítios estão numerados e pode-se apertar num painel o botão correspondente, para ouvir uma gravação a explicar sobre tal sítio.  





Saber que neste sítio eram realizadas as actividades da alfândega é mesmo fixe... Ali eram fiscalizados todos os produtos que chegavam nos navios. À chegada dos navios, o Almoxarife, o Escrivão e o Dizimeiro dirigiam-se numa "lancha" para inspeccionar a mercadoria. """"Lancha"""" pois estou a usar as palavras que li no museu hahaha não era nada parecida com a lancha da Juliana desmaiada cuja amiga perdeu "o óculos" haha. Voltando aos procedimentos da Alfândega...  Os fiscais inspeccionavam a carga na presença do mestre do navio e preparavam o rol das mercadorias a dizimar, tudo isto dentro no navio, se algo não estivesse nos conformes a treta era resolvida ali mesmo. Concluído o registro da mercadoria, esta era desembarcada e encaminhada para o Armazém, onde os artigos eram medidos e/ou pesados (Pero Vaz de Caminha a certa altura foi chefe da balança)  diante da mesa do despacho, o mercador tinha de prestar juramento sobre os evangelhos relativamente à veracidade de suas declarações, tipo o Jura dizer a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade que vê-se no Law & Order. Após a avaliação do Juiz e aplicação da dízima, a mercadoria era desembargada e selada. No escritório, completavam-se os registros, guardavam-se os documentos e arrecadavam-se as receitas. A figura a seguir não está muito boa ilustra este passo-a-passo ou algumas partes dele, para o que não coube na foto, usem a imaginação =P:


E mais algumas peças de exposição:






Eu fique desmaiada quando vi esta talha! Olha que imensa!
Depois do choque que tive ao pensar no trabalho que deu para encontrar/unir todos estes pedacinhos, comecei  a pensar em como elas deviam ser úteis na época, para armazenar os mantimentos... Depois vi que ao lado, havia um painel a contar uma historinha infantil sobre três tralhas a conversar com uma menina, a explicar para que elas serviam... era uma historinha muito gira, pena que foi tanta informação a entrar na minha cabeça que não me lembro da história em detalhes, depois vou procurar...
Ah, e também tinha um painel com fotografias a documentar o processo de restauração desta talha e de outras de outros sítios.

A peça em destaque na altura era uma daquelas mãozinhas que tem nas portas e pelas quais eu sou fascinada. Não fotografei mas para quem não sabe o que é, vai esta foto que tirei uuma noite voltanto do Piolho:



Também havia um painel a explicar sobre este tipo de campainha... não se sabe ao certo a sua origem, mas era muito utilizado em várias cidades de diferentes países. Havia uma foto de um cartaz na porta de uma casa a dizer: 1º piso: "1 batida. 2º piso: 2 batidas. 3º piso: 3 batidas".

A Casa do Infante localiza-se na Rua da Alfândega, 10, Porto obvsly (: