Ontem eu estava a voltar para a casa, toda feliz por ter conhecido uns brasileiros muito fixes, até que resolvi passar no supermercado comprar umas coisinhas. O gajo na minha frente na fila do caixa, era um imigrante, creio de que cabo verde, ou alguma outra ex-colônia, pois ele falava português mas um português "diferente" do continente. ele havia deixado algumas coisas para a caixa passar, e foi buscar uma lata de abacaxi. Ele voltou com a lata e perguntou à funcionária algo que eu não percebi, ela respondeu "não" e ele foi devolver a lata. Ela passou as compras dele, e quando ele se dirigiu à extremidade do balcão para ensacar, o "detector de roubos" começou a apitar. Ele fez uma cara de espanto, voltou e passou novamente. Mais uma série de apitos que chamaram atenção de todos os presentes, e o imigrante a fazer uma cara de espanto e abrir os bolsos insistindo em dizer que não havia pego nada. A caixa, com completa polidez, pediu-lhe para mostrar todos os bolsos e a bolsa que estava a carregar, além de passar por uma revista pelo segurança. À essa altura já estavam todos a olhar e eu estava muito incomodada com a situação pois na minha opinião, aquilo só estava a acontecer pois o rapaz era imigrante. Quando eu me dei conta, estavam os três a rolar no chão: o suspeito, a caixa e o segurança, fiquei em choque, paralisada, com muita pena do rapaz. Ele gritava que não tinha nada, queria ir embora e não ia comprar mais nada... A caixa a indagar por que ele não queria ir aos fundos da loja ser revistado, já que não tinha nada a temer. Ele então foi, e de um corredor, a funcionária fez um sinal de positivo ao segurança. ela voltou com dois pacotes de Oreo, e outras coisas, entre elas a lata de abacaxi. Passou tudo pelo leitor de preços, falou o valor (5 euros e alguns cêntimos), o imigrante entregou-lhe uma nota de 20 euros, disse que ia levar um saco (aqui as sacolas são vendidas), enquanto o segurança estava no telemóvel a ligar para a polícia. A porta do supermercado estava fechada, para ele não fugir. E novamente quando me dei conta, estavam todos a se enrolar no chão novamente e o gaiato a gritar que queria sair. Um cliente estava a dizer para o segurança que ele não podia impedir que o imigrante saísse, então o segurança abriu a porta, ele saiu e as pessoas que estava do lado de fora, sem entender (mas creio que suspeitado) o que se passava, puderam entrar. A caixa, a dizer que ele nunca mais compraria nada no continente, passou as minhas compras e eu pude entar vir para a casa. Sei que não está certo roubar, mas no fundo fiquei com muita pena do gajo, foi uma cena tão constrangedora por conta de umas bolachas... Outra cena que me incomodou foi quando estava eu outro dia em outro supermercado e uma senhora na minha frente no caixa, a tirar as moedas de 1 e 2 cêntimos da bolsinha, na qual havia exatamente 0,89 euros o preço do vinho de caixinha, marca branca mais barato do Pingo Doce... Ela tinha aparência de alcoólatra, e estava a tremer, colocou o vinho no saco, esperou a caixa contar cêntimo por cêntimo, e ainda perguntou se estava certo, sabendo que estava pois ela não tinha levado nem uma moeda a mais, era tudo o que tinha na sua bolsinha. No dia eu achei triste, mas após a cena do roubo, me lembrei deste caso e passei a vê-lo de outra forma, mesmo vítima do alcoolismo, ela não perdeu a moral e os bons princípios.